quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Autoconhecimento


  
Como poderíamos nos conhecer melhor por meio da meditação, se ela é o estado de ausência de pensamentos?
 Para que se chegue ao estado meditativo será obrigatória a consciência da totalidade do Ser. Na verdade, o que todos nós praticamos, é dharana (concentração). Todo o autoconhecimento e transformação ocorrem durante as técnicas de concentração. É este o nosso foco, por enquanto, pois a meditação ocorre somente após a longa trajetória de interiorização e autoconhecimento.  
Quando sentamos com o objetivo de meditarmos sempre utilizaremos alguma técnica de concentração. Basta fecharmos os olhos que somos invadidos por uma avalanche de pensamentos, que aos poucos vão serenando, abrindo-se ao conhecimento de quem somos nós.
No dia-a-dia a nossa atenção está sempre para fora. O que vamos comer? Qual será o trabalho de hoje? Quanta preocupação! Será que você está reservando alguns instantes para trazer a atenção para sua respiração? O automatismo nas nossas ações e a falta de consciência poderá gerar muito mais sofrimento. Aquele indivíduo que está sempre mal humorado, infeliz e raivoso, provavelmente ele não se vê desta forma. O outro sempre nos conhece mais do que nós mesmos, por isto a importância de reservar alguns minutos para se observar. As técnicas do yoga nos dão a oportunidade de sabermos quem realmente somos.  
Lentamente você se tornará senhor de si mesmo. Sem julgamento, o que despertaria culpa, tristeza e uma série de sentimentos que não são desejáveis. Agora se conhecendo muito mais do que antes e buscando a equanimidade.

Teremos um trabalho árduo pela frente, no entanto, a prática diária nas técnicas de concentração, mesmo que somente cinco minutos, já irá repercutir positivamente no seu dia-a-dia. Observe-se, aceite-se, transforme-se e seja mais feliz. 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Príncipe


Antoine Exupéry era piloto, mas também gostava de desenhar e acabou sendo escritor. Tornou-se o Pequeno Príncipe. Longe de ser um conto infantil é uma autobiografia cheia de sabedoria. Os adultos quiseram lhe passar a doença do senso comum onde o que é superficial se torna essencial, contudo Exupéry traça uma nova trajetória para os seus dias.
Assim como no livro todos nós temos o nosso próprio planeta. Uns são tão fechados em seu egoísmo que vivem solitários mesmo rodeados pela multidão. Pensamentos bons e ruins podem brotar, por isso, precisamos de carneiros para que possam comer as sementes dos baobás, que representam as ideias que são autodestrutivas. Ele meditava e se observava. Sabia apreciar a estonteante beleza do pôr do sol, do deserto e de todo o encanto da natureza, ao contrario dos adultos, que acabam invertendo a importância das coisas, o que reflete a pouca atenção que dão aos seus descendentes.
O Pequeno Príncipe visitou muitos corpos celestes e cada qual com seu único habitante. No primeiro, residia um monarca sem súditos que só sabia ordenar. No segundo, o vaidoso que supunha que qualquer gesto estava direcionado a seu enorme ego. No terceiro, o alcoolizado que tinha vergonha de beber e por isto se embriagava cada vez mais. No quarto, era o homem de negócios, que de tão ganancioso queria possuir as estrelas. No quinto, tinha um acendedor de lampião que trabalhava incessantemente devido a sua obsessão em cumprir as regras que ele mesmo se impingia. No sexto, um geógrafo teórico, pois nunca havia explorado o que continha em seus livros. No sétimo, ele percorreu a Terra, onde residiam muitos autoritários, arrogantes, bêbados, empresários, compulsivos e teóricos. Observou neles quais os caminhos que não deveriam ser seguidos e encontrou com uma raposa, a única que lhe revelaria a trajetória em busca da verdadeira felicidade. Ela lhe disse: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.”.
        Podemos pintar o que quisermos nesta tela chamada vida e fazermos dela uma grande obra de arte, trocando o lugar das coisas, colocando o coração nos olhos e tornando real o que é invisível. 

sábado, 19 de setembro de 2015

Medo



O medo nos protege de situações perigosas e pode nos ajudar a preservar a vida. O desequilíbrio está em senti-lo de forma constante. Talvez seja uma das emoções mais recrutadas numa vida de cidade grande. Esta semana, por exemplo, quantas vezes você sentiu medo ao sair na rua?  
O medo pode servir até como forma de dominação. Quanto mais medrosas as pessoas, mais elas se tornam frágeis e capazes de matar o outro para sobreviver. O contrário do medo é a coragem. Aquela vontade inabalável de transpor obstáculos intransponíveis. O fraco é fácil de controlar, mas o corajoso ele é firme nos seus propósitos e por mais que sejam franzinos, como Gandhi, são capazes de enfrentar qualquer coisa para defender seus ideais. O medo desperta o sentimento de fuga e quando não tememos nada, nem a morte se torna um obstáculo. As lideranças mundiais já perceberam o quanto o medo lhes pode ser útil. Incitar o medo social ajuda a justificar qualquer tipo de guerra ou violência em relação ao outro.
A ideia é atacar antes de ser atacado, por isto o medo anda de mãos dadas com a violência. Agredimos o outro porque temos medo de sermos agredidos ou porque não gostamos do que estamos vendo. A violência em relação às pessoas indefesas ocorre pelo medo das emoções que a imagem daquele indivíduo nos desperta. O medo seria das suas emoções e não daquele indivíduo. No entanto, por falta de autoconhecimento você pode achar que aquele desconforto desaparecerá com a agressão. Situações que causam irritabilidade podem despertar o medo que aquilo dure para sempre, podendo vir a gerar atos de crueldade.
A humanidade se autodestrói. Como matar a si mesmo? É o medo de se conhecer. Como posso ser assim? Pobre, maltrapilho, etc. Quando o medo for embora não haverá porque matar ninguém. Matamos por autodefesa. Estamos nos defendendo de nós mesmos. Achamo-nos perigosos. Quando matamos percebemos que ainda estamos vivos. Vira um pesadelo. Vamos matar todos que nos perseguem? Todas as partes do meu ser que eu desaprovo? Quando soubermos nos amar, amaremos a todos. Sentiremos a nossa unidade. Em cada sofrimento estará o nosso sofrimento.

Quanto medo você tem sentido ultimamente? Estamos agredindo o outro por medo? O que podemos fazer para que este medo diminua um bocado? Como adquirir mais coragem? Um instrumento muito eficaz é a meditação. Medite por um instante e me conte como está o seu medo. O link para ajudá-lo nesta tarefa: https://www.youtube.com/watch?v=IPrOlrYHsoQ

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Unidade



Em tempos de guerras e refugiados falar sobre a nossa Unidade é imprescindível. Não somos todos seres humanos? A nossa carga genética é extremamente diferente? A ciência está aí para nos provar que somos iguais. Por que negar a ciência? Por que somos tão teimosos? Existem vários tipos de orquídeas. Uma enorme diversidade, mas todas são orquídeas. O ser humano é que cisma de achar que só porque um indivíduo não possui a mesma religião, as mesmas ideologias e o mesmo patrimônio isso o faria diferente. Se fossemos dissecá-los veríamos que ambos possuem as mesmas vísceras.
O ser humano é o mais teimoso de todos os seres vivos. Acha que um papel chamado dinheiro pode lhe tornar melhor do que o outro. Se colocarmos um monte de papel ao lado de um cachorro ou vesti-lo de forma diferente ninguém irá cogitar a hipótese de que um se tornou menos cachorro do que o outro. Na verdade é mais que uma teimosia é muita inconsciência mesmo. Alguma hora o sofrimento virá com toda força mesmo que agora esteja a nível inconsciente, se a sujeira for muito grande o tapete não irá conseguir esconder. É assim que funciona quando causamos sofrimento a alguém. É impossível causarmos sofrimento ao outro e sairmos ilesos. Não seria mais fácil tentarmos enxergar o outro como um ser igual que possui os mesmos direitos e deveres? O nosso querido John Lennon em sua música “Imagine” nos mostra como seria sentir esta unidade. Vamos pegar uma carona com ele?
Vamos tentar sentir um pouco dessa unidade? Sente-se de forma confortável. Preste atenção na sua respiração. O seu corpo vai relaxando e se entregando a este momento. Continue consciente da sua respiração. Agora imagine o nosso planeta Terra. Nessa nova humanidade a religião das pessoas será o amor. Não haverá mais guerras. Haverá somente a paz. O mundo sendo como um só. Sem necessidade de ganância ou fome. Todos serão como irmãos. A união se tornará tão intensa que cada ser será uma célula da nossa mãe Terra. A harmonia das células torna o corpo Terra saudável. Sinta a paz deste lugar. Não há poluição. Respire fundo. Ar puro. Quanta paz! Não precisamos nos proteger porque não há medo. A fraternidade é que reina. Temos a liberdade de frequentar todos os lugares e a qualquer hora. Quero morar neste lugar. Um lugar onde todos se tornam um.

John Lennon pode ter sido um sonhador, mas ele não foi e não será o único e hoje estamos aqui compartilhando do mesmo sonho. A semente ficou. Assim como Lennon podemos ainda não assistir o surgimento desta Unidade, mas estamos aqui tentando concretizar as suas palavras. Um sonho que se sonha só é apenas um sonho que se sonha só, mas um sonho que se sonha junto se torna realidade. 

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Hermógenes



“Há alguns anos, convencido de que a “felicidade não compartilhada, se não fosse um mito, seria furto ou parasitismo”, eu, um ex-tuberculoso, ex-gorducho, ex-abatido, ex-angustiado, ex-fatigado, resgatado da infeliz “normalidade” de nossos dias, rejuvenescido, forte, em harmonia comigo mesmo...”.
Essas são as palavras de apresentação do nosso querido professor Hermógenes em seu livro Autoperfeição com Hatha Yoga. Passou por uma grave tuberculose aos seus 35 anos de idade e se submeteu a tratamentos extremamente dolorosos em busca da cura. Ganhou um livro de Hatha Yoga e começou a sua prática escondido para que ninguém o reprovasse. Pensou na época: “Ou fico bom ou morro logo. A transformação em poucos meses foi tão espetacular que surgiu um novo ser daquela ruína. Senti o compromisso de dedicar o resto da minha vida a mostrar o mapa da mina aos outros".
Aprofundou-se nos estudos, escreveu vários livros e começou a disseminar os efeitos terapêuticos daquela prática milenar. Sua vida provou que as técnicas da Yoga realmente funcionam.
Ele costumava dizer que deveríamos nos livrar da normose que seria a patologia de seguir as regras que estão aí postas pela sociedade. Talvez seja normal comer tudo que aparece pela frente, dormir tarde, acordar mais tarde ainda no final de semana, ignorar o ciclo natural do nosso corpo, ser ansioso, tomar vários remédios, porém será o que é normal é o mais saudável a ser feito? Ele mesmo fez tudo que era “normal” e resolveu mudar completamente a sua vida se tornando uma pessoa muito mais feliz. Você não quer experimentar algumas mudanças na sua rotina? Talvez você se sinta mais leve, mais calmo, menos tenso. Não precisa mudar a sua vida completamente. Escolha apenas um item e se empenhe de verdade. Depois me conte como foi a sua experiência.
Quer conhecê-lo um pouco mais? Indico todos os livros dele. Segue links abaixo:
http://hermogenesyoga.com.br/            

Gratidão professor Hermógenes por todas as lições!

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Aparência


Nem toda pelanca é velhice. O senso crítico costuma ser antagonista das generalizações. Julgar alguém baseado somente na superfície pode ser muito injusto já que o ser humano é muito mais do que uma bela estampa. Como podemos entender melhor a míope social?
Já foi no oftalmologista? Ele testa várias lentes até que você consiga enxergar de forma adequada. Algumas lentes ficam tão embaçadas que não conseguimos ver absolutamente nada. Igual ao preconceito. Olhamos para o outro e observamos algo diferente de nós, talvez mais embaçado, sem foco, com menos nitidez. À medida que a lente da sabedoria vai chegando conseguimos vislumbrar que somos diferentes, mas não melhor do que o outro.
Mahatma Gandhi só usava uma tanga a fim de se identificar com as massas simples da Índia. Certa vez ele foi convidado pelo governador inglês para uma festa beneficente e chegou vestido como de hábito, como uma tanga. Os criados vendo-o não o deixaram entrar, pois era uma festa de gala. Ele tranquilamente voltou para casa e enviou um pacote ao governador, por um mensageiro. Dentro continha um terno. O governador ligou para a casa dele e lhe perguntou o significado do embrulho. O grande homem respondeu: “- Fui convidado para a sua festa, mas não me permitiram entrar por causa da minha roupa. Se for a roupa que vale, eu lhe enviei o meu terno.”.
Não estou dizendo para que todos andem de tangas ou com os trajes dos párias indianos, mas Gandhi tinha uma missão e precisava comportar-se desta maneira para que as pessoas mais ignorantes pudessem entender a sua mensagem.
No estado de Lu, durante o Período Primavera e Outono, Zi Yu, um homem de má aparência, pediu para ser um dos discípulos de Confúcio. Este a principio titubeou, achando que Zi Yu não fosse uma boa pessoa, mas por fim concordou com relutância. Mais tarde, Confúcio pôde ver que Zi Yu era amável, inteligente e ponderado, e muitos queriam ser instruídos por ele. Confúcio então concluiu: “Quase perdi Zi Yu ao julgá-lo apenas pela aparência.”.

No nosso dia-a-dia estamos enxergando o outro sem julgamentos? Não avalie o perfume pelo tamanho do frasco, mas pela sua essência. Talvez você tenha a oportunidade de conhecer pessoas muito interessantes, mas totalmente diferentes de você. Ajuste a sua lente e seja mais feliz.